Carne bovina, óleo de soja, leite, feijão e café registraram quedas mais acentuadas nos preços últimos 12 meses, contribuindo para maior deflação desde 2017
O consumo nos lares brasileiros registrou um aumento de 3,09% ao encerrar o ano de 2023 em comparação com o período anterior, conforme informado pela Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). Esse crescimento foi impulsionado pela deflação dos alimentos, indicada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e pelo novo indicador Abrasmercado, que monitora as variações de preços nos supermercados.
Segundo o Abrasmercado, os alimentos encerraram o ano com uma queda de 4,22%, marcando a maior deflação acumulada desde 2017 (-7,05%). Notavelmente, três categorias de produtos para consumo doméstico se destacaram nessa redução de preços: proteína animal, alimentos básicos e lácteos.
Márcio Milan, vice-presidente da ABRAS, destacou que programas sociais como o Bolsa Família e o Auxílio Gás contribuíram para o aumento do poder de compra dos brasileiros nos supermercados. Ele também mencionou que a diminuição da taxa de desemprego, que caiu 1,3 pontos percentuais até novembro, e a geração de empregos no varejo foram fatores relevantes para esse desempenho positivo.
No segmento de proteína animal, a oferta excessiva de carne bovina no mercado interno ao longo do ano resultou em uma queda significativa nos preços dos cortes dianteiro (-11,60%) e traseiro (-9,44%), assim como em outras variações negativas para itens como frango congelado (-7,44%) e pernil (-2,34%).
Na categoria de alimentos básicos, destacaram-se as quedas expressivas nos preços do óleo de soja (-28%), feijão (-13,78%), farinha de trigo (-9,14%) e leite longa vida (-7,82%).
Os produtos lácteos apresentaram reduções mensais, com as principais quedas acumuladas ocorrendo em leite longa vida (-7,82%), margarina (-6,38%) e leite em pó (-5,11%).
Em relação aos hortifrutigranjeiros, fatores climáticos e a reoneração do óleo diesel influenciaram os preços e a disponibilidade ao longo do ano. A ABRAS apontou um aumento significativo no preço da batata (+4,19%). Contrariando os dados da Companhia Nacional de Abastecimento, o tomate e a cebola encerraram o ano com quedas acumuladas de -2,90% e -25,33%, respectivamente.
Márcio Milan ressaltou a influência do clima na equação de preços, mencionando a instabilidade climática e a dependência de alguns produtos em relação à safra e às exportações. Para 2024, a ABRAS estima um crescimento de 2,5% no consumo dos lares, sendo cautelosa devido às variáveis mencionadas.
Os analistas da ABRAS apontam que o pagamento do PIS/PASEP contribuirá para o aumento do consumo, com um previsto de R$ 28 bilhões destinados a 25 milhões de trabalhadores, um aumento de R$ 3 bilhões em comparação com 2023.
Márcio Milan destaca ainda a recomposição da renda do trabalhador devido ao reajuste do salário-mínimo, que superou a inflação oficial registrada no ano, como um fator adicional para incentivar o consumo. Ele conclui que o cenário macroeconômico sinaliza um crescimento gradual do consumo ao longo do ano, levando em consideração sazonalidades, o comportamento das principais safras, fatores climáticos e a demanda internacional por alimentos. Além disso, está previsto o pagamento de R$ 93,14 bilhões em precatórios, com cerca de 30% desse valor destinado ao consumo nos lares.
Fonte: Exame
