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Sem poder parcelar, classes D e E não compram, dizem varejistas

Frequentemente, associações do setor varejista argumentam que a opção de parcelamento sem juros no cartão de crédito é muitas vezes a única maneira para famílias de baixa renda comprarem itens de maior valor ou em situações de emergência. A Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) e a CNDL (Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas) estão entre as entidades que defendem a continuação desse método de pagamento.

Importância dos Parcelamentos Sem Juros

Pessoas com renda mais baixa muitas vezes não têm dinheiro disponível para emergências. Em setores como materiais de construção, onde os valores das compras são mais altos, os parcelamentos possibilitam as compras em momentos de necessidade, de acordo com Geraldo Defalco, presidente da Anamaco. Ele afirma que interromper essa opção poderia resultar em uma queda de até 50% nas vendas do setor.

Os parcelamentos também facilitam a aquisição de itens de maior valor. Os planos de parcelamento tornaram-se uma parte importante do comportamento do consumidor, fornecendo os meios para que a população “adquira o que ainda não possui”, conforme afirma José César da Costa, presidente da CNDL.

Se ocorrer um problema em casa, como um cano estourado, as pessoas das classes D e E não têm dinheiro disponível. Portanto, se elas não puderem usar os parcelamentos, não conseguirão fazer a compra. Esses são os tipos de despesas que não podem ser adiados. Geraldo Defalco, presidente da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) Riscos Econômicos e para o Varejo

O fechamento de pequenas e médias empresas seria o mais afetado. Representantes do setor varejista argumentam que pequenas e médias empresas seriam as mais prejudicadas com a interrupção dos parcelamentos sem juros. Um estudo do Sebrae mostra que 4 em cada 10 proprietários de pequenos negócios usam cartões de crédito para financiamento.

Parcelamentos com juros aumentariam a inadimplência, afirma Costa. “As pessoas teriam mais dificuldade em cumprir seus compromissos e cairiam mais facilmente na dívida do cartão de crédito”, acrescenta. De acordo com um estudo do Instituto Locomotiva, 80% da população acredita que teriam mais dívidas sem os parcelamentos sem juros. O estudo também revela que 63% dos consumidores de baixa renda temem enfrentar dificuldades se não puderem mais parcelar sem juros compras de itens como alimentos, medicamentos e produtos de higiene básica.

Os varejistas seriam forçados a assumir mais riscos. Os donos de lojas seriam obrigados a financiar os clientes de forma independente, especialmente em setores com compras de maior valor, explica Defalco da Anamaco. Isso representaria um aumento do risco, principalmente para os pequenos varejistas. “Eles não têm experiência na análise de crédito e podem enfrentar problemas nessa operação”, diz ele.

Os parcelamentos são amplamente utilizados

Milhões de consumidores têm parcelamentos em vigor. De acordo com uma pesquisa da CNDL, 51% dos entrevistados relataram ter parcelamentos em cartões de crédito, cartões de lojas, planos de parcelamento ou cheques pré-datados. Com base nesse número, o estudo estima que 71 milhões de consumidores tenham parcelamentos em andamento. Em média, os entrevistados tinham 5,6 parcelas em seus cartões de crédito.

A forma preferida de pagamento parcelado é o cartão de crédito, mencionado por 73% dos entrevistados. Em seguida, vem o pagamento parcelado via PIX, com 9%. Entre as categorias em que os parcelamentos em cartões de crédito são mais comuns estão roupas e acessórios (41% preferem usar cartões) e eletrônicos (50%). A pesquisa entrevistou 667 pessoas e possui uma margem de erro de 3,8 pontos percentuais. O estudo foi realizado pela CNDL e pelo SPC Brasil em parceria com a Offerwise, de 31 de julho a 8 de agosto.

Os dados também destacam a alta disponibilidade de crédito por parte das instituições financeiras e uma alta taxa de inadimplência. Entre os entrevistados, 47% disseram ter recebido ofertas de cartões de crédito; 32% receberam ofertas de cartões de loja; 30% receberam ofertas de empréstimos pré-aprovados; e 24% receberam ofertas de aumento do limite do cheque especial. Dos entrevistados, 34% disseram ter registros negativos de crédito devido à inadimplência nos parcelamentos, sendo 21% devido aos cartões de crédito. No entanto, 60% permaneceram sem registros negativos.

Compreendendo a Discussão

Recentemente, o presidente do Banco Central mencionou a necessidade de “regular” os parcelamentos. Roberto Campos Neto levantou a possibilidade de implementar uma taxa para desencorajar parcelamentos sem juros no cartão de crédito. A continuação ou interrupção das compras parceladas sem juros gerou uma disputa entre grandes bancos, varejistas e empresas de tecnologia financeira.

Entidades dos setores de comércio e serviços se uniram para defender esse método de pagamento. Elas instam o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a não permitir que os bancos eliminem os parcelamentos sem juros. Além da CNDL e da Anamaco, a campanha inclui a Abad (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores), a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) e a Afrac (Associação Brasileira de Tecnologia para o Comércio e Serviços).

O governo e o Congresso buscam reduzir as taxas de juros e a inadimplência nos cartões de crédito. Um projeto de lei em tramitação no Senado estabelece um limite de 100% para as taxas de juros rotativos do cartão e estabelece um prazo para uma solução acordada com os bancos. No entanto, o projeto não aborda as compras parceladas sem juros, um método que os bancos atribuem às altas taxas de juros, que chegaram a 445,7% ao ano em agosto.

A Febraban argumenta que as taxas de juros rotativos do cartão ajudam a cobrir o custo das operações de parcelamento sem juros. De acordo com a entidade, aproximadamente 75% das transações com cartão de crédito envolvem parcelamentos sem juros. Eles defendem uma discussão sobre as causas das taxas de juros aplicadas e uma reformulação do sistema de crédito rotativo. Além disso, eles propõem melhorias no mecanismo de pagamento parcelado.

Fonte: Uol

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