Descubra o Mundo e Skola foram fundadas pelo mesmo empreendedor e vão representar quase 10% da receita do grupo
A Quero Educação, um marketplace educacional que conecta estudantes e faculdades, acaba de fechar duas aquisições para aumentar seu escopo. A edtech incorporou a operação das startups Descubra o Mundo e Skola, ambas fundadas pelo mesmo empreendedor, mas com focos diferentes — a primeira é um marketplace de intercâmbios e a segunda uma espécie de SaaS para grandes grupos educacionais.
As novas adquiridas vão cumprir um importante papel na estratégia de diversificação da Quero. Com um negócio centrado na distribuição de bolsas de estudo para ensino superior — seu principal produto é o Quero Bolsa —, a edtech agora passa a atuar no fragmentado mercado de intercâmbio e vai poder oferecer plataformas de e-commerce white label para as instituições parceiras.
“Queremos estar em todas as verticais de educação como marketplace. Quando a gente conheceu o Škola, vimos que esse modelo se encaixa muito bem com nosso produto de venda direta, mas que tem checkout próprio e é mais avançado em tecnologia”, conta André Narciso, CEO da Quero Educação.
Fundada em 2008, a Quero teve que se reinventar algumas vezes para chegar ao atual modelo de negócio. A edtech foi criada pelo engenheiro Bernardo de Pádua quando ainda era um estudante do ITA, para ser uma rede social de alunos universitários. Um tempo depois, pivotou para um modelo de SaaS no estilo “member get member” para universidades.
Mas foi só após o lançamento do Quero Bolsa, em 2013, que a companhia ganhou tração e passou a fazer rodadas de investimento. A plataforma passou a ser uma das maiores da América Latina com esse propósito, com descontos que vão de 5% a 75% em cursos presencias e EAD de graduação e pós-graduação. O aluno paga uma taxa, equivalente a uma pré-matrícula.
As duas novas adquiridas, fundadas pelo também engenheiro Bruno Passarelli, já representarão 8% da receita da companhia. A Descubra o Mundo oferece mais de 80 mil cursos de intercâmbio espalhados por 25 países. Com um modelo de negócio semelhante ao da canadense ApplyBoard, unicórnio que já captou mais de US$ 450 milhões, a plataforma já está há mais de 10 anos em operação.
Já o Skola foi lançado em meio à pandemia. A plataforma pode ser definida como um e-commerce white label, que permite que o aluno selecione o curso, faça testes para ser aprovado e se matricule com poucos cliques — dentro do próprio site do grupo educacional contratante. A solução já atraiu gigantes, como a Pearson, e obteve um faturamento de R$ 2 milhões em poucos meses de operação.
As duas tinham como investidores anjo o Harvard Business School Alumni Angels od Brazil e a Garan Ventures. “O Descubra já nasceu com esse foco em marketplace, mas voltado para o mercado educacional no exterior. Chegamos a captar algumas rodadas e aí veio a pandemia, fecharam as fronteiras e a gente entendeu pela primeira vez como esse mercado era fragmentado e offline”, conta Passarelli. “Daí veio a ideia de usar nossa expertise em captar alunos no digital, mas pensando no mercado doméstico. Assim nasceu o Skola.”
Embora não revele dados de balanço, alguns números operacionais dão uma ideia do tamanho da Quero hoje. Entre o Quero Bolsa e o Melhor Escola, startup adquirida em 2019 com foco em ensino médio e fundamental, são mais de 10 mil instituições parceiras. Juntos, os programas da plataforma já matricularam mais de um milhão de alunos.
Em 2014, a empresa foi selecionada para o programa de aceleração da Y Combinator — responsável pelo sucesso de gigantes como Airbnb, Dropbox, Stripe e outras. A companhia tem como investidor minoritário a G2D Investimentos, holding de venture capital da GP Investimentos.
Fonte: Pipeline Valor