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Advogado, venha quando quiser… Ou não

No último 22 de dezembro, o jornalista Patrick Smith, um veterano na cobertura do mercado americano da advocacia para a plataforma Law.com, publicou artigo sobre a apuração de diversos jornalistas sobre como a cultura dos escritórios de advocacia mudou e como as bancas de advogados tentaram mantê-la ao longo de um ano de incertezas constantes. A maioria dos questionamentos era como retornar ao escritório (ou não) e como um ambiente de trabalho mais flexível afeta as sociedades, seus clientes e seus funcionários.

Smith aborda um assunto pouco explorado no Brasil, mas muito sensível ao mercado de escritórios de advocacia americanos, que é a possibilidade de uma “geração perdida” de talentos forjada a partir do trabalho remoto. “Os líderes de escritórios estão preocupados com um grupo crescente de advogados que perderam a orientação pessoal de sócios seniores e podem criar uma escassez de futuros líderes”, observa o jornalista Justin Henry.

Brad Hildebrandt, presidente da Hildebrandt Consulting, uma reconhecida empresa de consultoria do mercado da advocacia, presente em 15 países, em entrevista para Henry afirmou, “Há muita angústia quando se trata da perda de treinamento que é feito quando você tem arranjos presenciais, porque o treinamento é realmente um esporte de equipe e um esporte de mentoria”.

Dylan Jackson, outro renomado jornalista observa que muitos escritórios tiveram de “justificar o deslocamento diário” do trabalho presencial, oferecendo vantagens como comida e bebida, bem como afrouxando as normas internas, como o código de vestimenta.

O O’Melveny & Myers, 66° maior escritório de advocacia do mundo, com faturamento na ordem de 835 milhões de dólares e 671 advogados, facilitou a transição fazendo com que os advogados e colaboradores enviassem e-mails, fotos e videoclipes destacando o que eles perdiam estando fora do escritório. A banca forneceu ao seu pessoal Assinaturas Digitais Peloton e descontos em equipamentos Peloton, uma empresa americana de equipamentos e mídia para exercícios com sede na cidade de Nova York.

“É difícil não ficar ansioso.  A flexibilidade será crucial, a sensibilidade será igualmente importante, e esse sentimento de confiança que existe há muito tempo. Acredito que as pessoas vão entender que estamos dando o nosso melhor para fazer a coisa certa”, disse Kim Koopersmith, presidente da Akin Gump Strauss Hauer & Feld, a Packel, o 41° maior escritório do mundo, com faturamento estimado em 1,2 bilhão de dólares e um contingente de 898 advogados.

Para o jornalista Patrick Smith, atrair e reter advogados tornou-se ainda mais importante à medida que a guerra por talentos atingiu seu auge este ano. E alguns escritórios realmente se afastaram da tradição.  Muitos solicitaram um certo número de dias presenciais de seus advogados e profissionais de negócios, tentando obter de volta alguma aparência do ambiente de trabalho anterior, embora permitindo algum trabalho remoto.

Outros se inclinaram fortemente para a flexibilidade, com o objetivo de aliviar a ansiedade sobre devoluções de escritórios e esforços de retenção. como o escritório Gilbert, de Washington DC, que basicamente dizia ‘venha quando quiser ou não’.

Já o Greenberg Traurig, que ocupa a 21° posição entre os maiores escritórios de advocacia do mundo, com um faturamento de 1,7 bilhão de dólares, promoveu um road show ao estilo das melhores turnês de astros do rock. Richard Rosenbaum, o presidente executivo e Brian Duffy, o CEO, embarcaram em uma viagem pelo país há algumas semanas para se reunir com cada um dos 30 escritórios da empresa nos Estados Unidos.  “Não vamos nos lembrar do ano passado com base no fato de que os números financeiros foram os melhores de todos os tempos. Vamos lembrar que nos unimos, que respeitamos nosso pessoal, que não fizemos dispensas generalizadas. Uma empresa que valoriza essas coisas quer ter certeza de que as pessoas entendem esses valores, que não vamos escrever um e-mail rápido e depois ir para casa”, afirmou Rosenbaum ao repórter Dan Roe.

As dimensões continentais do Brasil e as sensíveis diferenças regionais apontam para um comportamento assimétrico em relação à retomada das atividades presenciais nos escritórios. Enquanto na maioria das capitais as bancas já funcionam quase como antes da crise sanitária, em São Paulo, maior polo da advocacia nacional, as lideranças observam uma certa resistência dos advogados, em todas as categorias e níveis profissionais, em voltar a enfrentar a mobilidade caótica, somada às jornadas de trabalho intermináveis, dando ampla preferência ao “aconchego” do lar como local de trabalho.

Smith acredita que à medida que a pandemia se arrasta, muitas dessas questões provavelmente continuarão a ser o centro das atenções para os escritórios de advocacia em 2022. Embora essa longa crise tenha sido difícil, também foi educacional e certamente continuará sendo.

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