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Azul: fundador enfrenta minoritários para acordo da TAP após perdas

O empresário e fundador contumaz de companhias aéreas David Neeleman, criador e dono da , está mais leve para partir para sua próxima empreitada, agora de volta aos Estados Unidos, com a nova companhia de baixo custo Breeze Airways. Depois de reduzir sua participação econômica na Azul pela metade, de 6% para 3%, livrando-se de uma dívida pessoal de 30 milhões de dólares, agora ele vendeu a fatia no consórcio que comandava a TAP, o Atlantic Gateway, e recebeu 44 milhões de euros do governo português.

Mas, para a conclusão final do acordo em Portugal, terá de enfrentar os minoritários da Azul. Neeleman é controlador da empresa, com 67% das ações ordinárias, mas ficou apenas com 3% do capital econômico. Isso porque cada ação preferencial da empresa equivale a 75 ordinárias na divisão dos dividendos e sua posição nessa espécie foi reduzida de 11,4 milhões para 2,1 milhões de papéis após uma execução de garantia por credores em abril.

A negociação com o governo português vai desencadear um novo prejuízo à Azul, agora de 143 milhões de reais, depois dos 618,5 milhões de reais já lançados no primeiro trimestre. A perda no ano, portanto, há chega a 761 milhões com esse investimento. As condições da transação serão levadas à assembleia de acionistas da companhia brasileira, com voto do preferencialista — ou seja, mesmo dono do poder político na empresa, Neeleman não poderá impor sua vontade aos acionistas de mercado. O encontro está marcado para 10 de agosto.

Apesar do reconhecimento como um empresário ousado e bem-sucedido, a empreitada conjunta na TAP não rendeu bons frutos à Azul. Pelo menos, não para o balanço, embora a parceria comercial tenha valor estratégico.

O motivo das novas perdas é o acordo feito entre Neeleman e o governo português para o resgate da TAP, por meio da injeção de 1,2 bilhão de euros na aérea. Para aceitar fazer negócio, Portugal reestatizou a companhia e pagou à holding Atlantic Gateway, controlada por Neeleman, 55 milhões de euros — 10,6 milhões de euros à Azul e 44,4 milhões de euros ao empresário — por sua participação de 45,5% no controle da TAP. Com isso, passará a deter mais de 70% da companhia.

O empresário havia adquirido a TAP em 2015, no processo de privatização da empresa. No ano seguinte, a Azul, fundada por ele em 2008, comprou um bônus conversível de 90 milhões de dólares na companhia de Portugal, que lhe renderia o direito a conversão em uma participação econômica de 41,25% a partir de 2026. No ano passado, a Azul também adquiriu uma fatia no consórcio que Neeleman participava, tornando-se acionista da TAP em sociedade com seu controlador.

Como parte do acerto com o governo português, além de vender a fatia em ações, a Azul vai abrir mão do direito de conversão da dívida em capital. Sem, no entanto, receber nada por isso. É nesse ponto que surgem críticas à Neeleman por parte de alguns investidores da empresa aérea brasileira.

Há quem entenda que, no lugar de atribuir valor à sua participação acionária, o empresário deveria ter negociado a recompra, pelo menos parcial, dos bônus que são detidos pela Azul e, com isso, atrair mais caixa para a companhia e não para si. Mas quanto a questão será realmente um problema ou uma queixa pontual ficará evidente no encontro de agosto.

Devido à valorização cambial, os bônus, considerando os juros, serão marcados no próximo balanço da companhia a 729 milhões de reais — ante 670 milhões de reais no primeiro trimestre. O valor total dos papéis, quando incluía a conversão dos títulos em ações, foi lançado a 824 milhões de reais no balanço de março. No ajuste de contas com Portugal haverá prejuízo de 95 milhões de reais pela perda da conversibilidade. Parte desse efeito, será neutralizada pelo ganho de 59 milhões de reais com a alta do euro.

O argumento principal da empresa brasileira, conforme proposta aos acionistas, encaminhada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), é que a capitalização da TAP dará mais segurança à perspectiva de recebimento dos bônus no seu vencimento — que continuam com a mesma posição de senioridade (com garantia da receita do programa de fidelidade) e rendimento de 7,5% ao ano.

Além da baixa nos títulos de dívida, haverá um prejuízo de 48 milhões de reais com a posição acionária vendida, já que foi entregue por 65 milhões de reais e está marcada no balanço de março por 113 milhões de reais.

Depois que abriu o capital na B3, Neeleman, que começou sua história no setor com uma empresa chamada Morris e depois ganhou projeção com a JetBlue, era adorado pelos investidores e sua empresa tinha um prêmio substancial sobre a Gol. A percepção do mercado era que a Azul tinha mais perspectiva de crescimento, com seu plano de operar e abrir rotas regionais, enquanto a companhia da família Constantino já estava madura e opera em rotas de menor retorno pela grande competição. Na B3, a Azul está avaliada hoje em 7,14 bilhões de reais, enquanto a Gol vale 6,91 bilhões de reais.

Desde que se deixou executar por bancos credores, reduzindo sua participação econômica na Azul, Neeleman perdeu parte relevante do brilho. O entendimento é que ele estará cada vez mais dedicado à Breeze, que chegará no momento certo ao mercado. Com modelo de baixo custo, a empresa deve estrear bem quando o setor estará inundado de aeronaves a preços reduzidos, devido à pandemia. Ainda que por circunstâncias totalmente adversas, a exposição do empresário a outras companhias — e que enfrentam dificuldades — caiu sensivelmente com a crise.

Para a Azul, a expectativa é que o alívio venha de uma captação em vias de ser anunciada, dentro do modelo desenvolvido pelo BNDES, que poderá movimentar até 2 bilhões de reais. O banco público trará o fôlego que a empresa não conseguiu tirar da negociação com a TAP.

Fonte: Exame

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