O Banco do Brasil (BBAS3) retomou o processo de venda de sua unidade de gestão de recursos, a BB DTVM, afirmaram na sexta-feira, 22, três pessoas com conhecimento do assunto à agência Reuters.
A BB DTVM é a maior administradora de recursos do Brasil e a líder também em gestão, encerrando 2020 com 1,17 trilhão de reais em ativos sob gestão, segundo dados da Anbima (a associação das entidades do mercado de capitais). É uma liderança folgada: o segundo colocado, o Itaú Unibanco, teve cerca de 750 bilhões de reais sob gestão.
O banco estatal disse às partes interessadas que espera a entrega de ofertas vinculantes no próximo mês, em fevereiro, acrescentaram as fontes, que pediram anonimato porque as discussões são sigilosas.
O Banco do Brasil não quis comentar.
A decisão de venda da BB DTVM pode colocar em choque novamente a atual direção e o atual conselho de administração do banco estatal e o presidente Jair Bolsonaro. Há duas semanas, o BB anunciou um programa de desligamento voluntário (PDV) para até 5.000 funcionários e o fechamento de 361 unidades, entre as quais 112 agências bancárias.
O comunicado do banco gerou reação contrária de sindicatos e de parlamentares, levando Bolsonaro a desautorizar a medida e a colocar a permanência do CEO do BB, André Brandão, em xeque. Em reação à interferência, as ações do BB tiveram forte queda — a desvalorização acumulada em 2021 é de 13,2%.
O processo de venda da gestora de recursos teve início em 2019, sob o comando do então recém-empossado presidente do banco Rubem Novaes. O executivo veio do setor privado com a missão de preparar o banco estatal para a venda do controle na bolsa, possivelmente por meio da diluição da participação da União. Tudo com a devida orientação do ministro da Economia, Paulo Guedes.
O processo de venda da DTVM foi interrompido em fevereiro passado, após o BB ter considerado as propostas entregues muito baixas, disse uma quarta fonte com conhecimento do assunto.
Novaes pediu demissão em julho do ano passado, reclamando das resistências do governo em seguir adiante com o plano de privatização. Brandão, então presidente do HSBC, foi nomeado sucessor em agosto.
Algumas das maiores administradoras de ativos do mundo, incluindo as americanas BlackRock, Franklin Templeton e Prudential Financial, mostraram interesse em comprar a BB DTVM no ano passado, segundo uma das fontes. Mas não está claro se todas as partes anteriormente interessadas farão propostas agora.
BlackRock, Franklin Templeton e Prudential Financial não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.
O BB pretende vender o controle de sua unidade de administração de recursos e restringiu a oferta entre os rivais brasileiros, pedindo aos interessados que tenham ao menos 500 bilhões de dólares em ativos sob gestão. Mas as fontes disseram que não está claro se as mesmas condições serão aplicadas agora ou se o banco as mudará para aumentar a concorrência.
Fonte: Exame