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CEO da Tok&Stok confirma conversas com Mobly e foco é caixa

Após enfrentar desafios durante o primeiro semestre, incluindo um pedido de falência por parte de um fornecedor, o fechamento de 17 lojas e a reestruturação de uma dívida de R$ 350 milhões, a Tok&Stok afirma que o pior já passou e que agora está gerando caixa devido a melhorias operacionais. A CEO da empresa, Ghislaine Dubrule, em uma entrevista exclusiva à Bloomberg Línea, mencionou que a proposta de fusão com a concorrente Mobly ainda está em consideração.

Em agosto, a maior varejista brasileira de móveis e decoração viu o retorno de sua fundadora, Ghislaine Dubrule, como CEO, após um aporte de R$ 100 milhões realizado pelo fundo americano Carlyle, que é o acionista majoritário da Tok&Stok em conjunto com a SPX Capital.

A nova CEO da Tok&Stok expressou confiança de que a empresa tem os recursos necessários para superar os desafios e admitiu, pela primeira vez, que estão em andamento conversas com os fundadores da Mobly sobre possíveis próximos passos, incluindo uma fusão potencial de negócios.

“Estamos em diálogo com a Mobly, assim como já conversamos com outras empresas em momentos anteriores. No entanto, ainda não existe nenhum acordo formal entre as duas empresas e nenhum progresso substancial nessa direção até o momento”, afirmou a CEO. Rumores sobre negociações entre as duas empresas e uma possível fusão têm circulado desde o início do ano, e a Mobly divulgou em março que havia tido conversas com a Tok&Stok sobre essa possibilidade.

Embora uma fusão possa fazer sentido em termos de sinergias, como negociação com fornecedores, e complementaridade de negócios, com a Tok&Stok atendendo às classes A e B por meio de lojas físicas, e a Mobly focando na classe C com uma presença digital e logística eficiente, há obstáculos, incluindo a diferença nos termos da transação. A Tok&Stok é maior em tamanho e receitas, mas carrega uma dívida de R$ 350 milhões, enquanto a Mobly não tem dívidas e possui R$ 167 milhões em caixa.

A CEO da Tok&Stok também observou que o setor varejista enfrenta um período de demanda enfraquecida, com grandes players revisando suas estratégias e ajustando seus investimentos de acordo com a atual situação econômica, que inclui um aumento nas taxas de juros pelo Banco Central.

Dubrule explicou que os investimentos feitos nos últimos anos não trouxeram os resultados esperados e, em um mercado desafiador, geraram uma pressão financeira adicional.

Ela também esclareceu que a empresa nunca esteve em risco real de falência, apesar de relatos na mídia, e que passou por ajustes, incluindo a bem-sucedida renegociação de sua dívida financeira e de outros contratos.

A Tok&Stok foi fundada em 1978 pelos fundadores Ghislaine e Régis, que vieram da França. Em 2012, a família vendeu 60% do controle da empresa para o Carlyle por R$ 700 milhões, mas permaneceu na operação. Nos anos seguintes, a empresa teve vários CEOs que não conseguiram levar a empresa a uma oferta pública inicial de ações (IPO), conforme inicialmente planejado para permitir a saída do fundo americano de private equity.

Recentemente, a empresa fez investimentos para criar uma operação de vendas online integrada às lojas físicas, mas os resultados não atenderam às expectativas e o endividamento da empresa aumentou.

A senhora é uma das fundadoras da companhia, cujo controle foi vendido há mais de dez anos. O que a motivou voltar ao comando?

Depois de seis anos longe do comando, voltar à liderança da Tok&Stok é algo mais do que especial. Ao lado de meu marido, que fundou a companhia, estive na gestão desde sua fundação e, como CEO, estive à frente de 2012 a 2017. A paixão e a retomada dessa memória afetiva que a marca carrega, ao longo de seus 45 anos, são alguns dos meus principais motivadores nessa nova fase.

Além disso, meu retorno também se dá devido à nossa estratégia voltada ao back to basics, já anunciada há alguns meses, em que desejo reforçar o nosso modelo de gestão extremamente bem-sucedido por mais de 40 anos. Meu retorno aparece em um momento em que queremos reforçar, cada vez mais, nosso foco na operação e em nossos clientes.

O mercado de móveis e decoração vai demorar a recuperar a performance de vendas?

O setor varejista passa por um momento de demanda mais enfraquecida. É possível vermos grandes players revendo suas estratégias e adequando seus investimentos de acordo com o cenário atual. O mercado de decoração teve um de seus ápices durante a pandemia, sofrendo uma queda natural posteriormente.

Estamos reavaliando os próximos passos e entendendo de que forma atrair o cliente, que, devido ao momento econômico, não apresenta alto poder de compra e ainda dá preferência às experiências do que aos bens materiais depois do período de isolamento.

Há rumores no mercado sobre uma potencial combinação de negócios com a Mobly. Procede?

Não temos nada a acrescentar além do que a Mobly já divulgou ao mercado. Temos conversas em andamento. Assim como nós já conversamos com outras empresas em outros momentos e a própria Mobly também afirma estar conversando com outros players. Mas não há nenhum acordo entre as duas empresas e nenhum avanço significativo nesse sentido por enquanto.

Um fornecedor chegou a pedir falência da companhia. Havia realmente esse risco sem o aporte do Carlyle?

Nunca estivemos em risco real de falência, como relatado por alguns veículos de comunicação. Passamos por ajustes como outras empresas também passaram e isso incluiu a renegociação bem-sucedida de nossa dívida financeira, bem como a renegociação de outros contratos.

Por fim, o aporte dos acionistas trouxe mais tranquilidade ao tornar a Tok&Stok mais equilibrada financeiramente. Agora, estamos em uma busca incessante por deixar nossa operação mais eficiente e os primeiros resultados já estão sendo muito animadores nesses primeiros meses de nova gestão.

Quais foram os fatores principais que levaram a Tok&Stok à crise financeira? Houve erro de gestão?

O agravamento financeiro da empresa foi influenciado por uma combinação de muitos fatores, incluindo desafios macroeconômicos – como economia enfraquecida, alta acelerada das taxas de juros, aumento da inflação etc. -, mas também por situações específicas do nosso setor.

Depois do aumento do consumo de móveis e artigos para a casa durante a pandemia, a demanda se inverteu rapidamente. Podemos dizer que a pandemia tornou o cenário mais complicado e incerto e isso contribuiu negativamente.

Por outro lado, podemos afirmar que os grandes investimentos que fizemos nos últimos anos não trouxeram os resultados esperados ou geraram uma pressão de caixa maior em um momento de mercado mais desafiador.

Citaria principalmente a mudança do nosso Centro de Distribuição de Jandira (SP) para Extrema (MG) e os pesados investimentos em tecnologia, objetivando uma transformação digital acelerada. De qualquer forma, o fato é que não há uma explicação única e que acreditamos que temos tudo para virar o jogo.

Qual será sua agenda de prioridades neste semestre à frente da companhia?

Meu foco principal está na gestão de caixa e na melhora da operação. Estamos centrados no desenvolvimento de frentes como simplificação de nosso organograma – já realizado -, melhoria de gestão dos processos nas lojas, eficiência operacional em nosso centro de distribuição e foco na transformação digital de maneira rentável, dando destaque à nossa presença omnichannel e utilizando sistemas ágeis e robustos para garantir a excelência em nosso atendimento.

Isso tudo sem deixar de olhar para nossa coleção, que sempre atraiu muito o público ao focar em design acessível e em soluções para toda a casa.

Qual será o papel do marketplace e seu peso na geração de caixa?

Ao longo dos últimos anos, fizemos uma importante movimentação focada no fortalecimento de nosso e-commerce e na omnicanalidade. Mas nossas lojas sempre foram e são extremamente importantes para a experiência do consumidor.

A experiência do físico é o forte no nosso negócio e isso, integrado à experiência digital, traz a melhor experiência ao nosso cliente. O nosso foco é em nossa operação, focando em omnicanalidade, e não em marketplaces.

A companhia fechará mais lojas ou demitirá pessoal para ajustar a operação?

Uma etapa importante do nosso processo de reestruturação foi o fechamento de 17 lojas não rentáveis. Apesar desse movimento, mantivemos a presença física em todos os estados em que já atuávamos e, agora, nossas 51 lojas da rede operam no positivo.

Com as melhorias de eficiência operacional, estamos em uma nova fase, que já apresenta geração de caixa positiva em 2023. Já realizamos todos os ajustes operacionais necessários e, para o futuro, estamos focados em novas estratégias de retomada da nossa operação.

Haverá necessidade de novos aportes caso a geração de caixa não melhore nos próximos trimestres?

Não temos previsão de necessidade de novos aportes.

Que mudanças em cargos C-level a senhora pretende fazer nesse turnaround?

Não prevemos nenhuma mudança atualmente na estrutura C-level. Essa mudança já foi feita há alguns meses e hoje temos um time forte e competente para gerir a companhia na nova fase.

Fonte: Bloonberg Línea

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