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Grupo Primo compra fintech Grão e vira plataforma transacional

Parece coisa pequena, mas o potencial é transformacional. O Grupo Primo, fundado por Thiago Nigro, acaba de fechar a aquisição da fintech Grão. A conta digital remunerada pelo CDI, fundada há três anos, tem apenas 50 mil clientes, um número modesto para os ritmos de captação de fintechs no país. A maior parte da clientela é principiante no universo financeiro e ainda sem patrimônio. Mas a Grão tem tecnologia, gestão de risco e a licença para abertura de uma asset – onde os “primos” poderão embarcar em produtos financeiros próprios os seus mais de 200 mil clientes em educação e potencialmente a audiência de 40 milhões de pessoas nas redes sociais.

“A Grão terá uma função na reformulação da nossa plataforma como um todo, mas pouco do que existe na fintech hoje vai continuar como core. Vamos criar produtos de investimentos, deixando o banking como secundário”, disse Nigro ao Pipeline. “Não olhamos para a Grão com tese de fintech que vai ter cashburn para adquirir contas digitais e eventualmente investimento, mas efetivamente como uma solução para investidores”, reforça.

A conta digital passa a ser um serviço adicional para melhorar o engajamento do cliente que investe – no perfil da audiência do grupo, um público que já tem algum patrimônio acumulado em aplicações, na faixa de 25 a 44 anos.

A Grão adiciona também uma sócia que entende do riscado. A fundadora da fintech, Monica Saccarelli, foi uma das fundadoras da corretora Rico, depois vendida à XP, e passa a integrar o Grupo Primo. Foi na Rico que Nigro ganhou notoriedade como influencer financeiro (ali nasceu o apelido Primo Rico, numa referência mais ao patrimônio pessoal do que à corretora). Mas o histórico é mera coincidência, pois os dois não foram contemporâneos na casa e se conheceram pessoalmente só no ano passado, já engajando o M&A.

“Montei a Grão olhando o público desbancarizado e na conta poupança, mas vimos uma evolução rápida na pandemia de adesão a contas digitais e investimentos, de forma geral, que faz sentido entrar agora num novo ciclo de negócio”, diz Monica. A fintech, inicialmente batizada de Diin, levantou R$ 7,5 milhões em 2020, numa rodada com Astella, DOMO Invest e Vox Capital – os fundos saem do capital na transação com o Primo.

O crescimento do Grupo Primo tem sido acelerado. Em 2021, atingiu faturamento anual de R$ 130 milhões, com crescimento perto de 10% ao mês. São 240 pessoas, com previsão de chegar a 360 no fim do ano.

A meta de Nigro era dissociar a geração de receita da empresa de sua atuação direta e está dando certo. “Começamos a trazer outros influenciadores, abrir mais canais de aquisição de clientes, para a companhia ficar mais independente e livre do Thiago, com receita escalável e previsível”, conta o próprio. Em 2019, ele gerava diretamente 12% da receita, o que deve cair pela metade neste novo ano. A companhia também comprou participação na corretora de cripto Biscoint e recentemente integrou à plataforma a casa de análise de fundos Spiti.

Nessa redefinição de receita, Nigro definiu também que era hora de adicionar a terceira vertical de negócios às atuais frentes de audiência e educação. A audiência de redes sociais ajuda a levar cliente para os cursos, mas a educação tem um fim com o negócio – o curso foi comprado e o aluno parte para investimentos em outras casas. “A educação deve ser um meio. Por muito tempo ajudamos os clientes a investir em algum lugar, inclusive pela Rico, e agora a gente quer que o cliente fique com a gente, nessa terceira camada de negócio, que é transacional”, justifica.

A decisão de negócio acontece quando outras casas de conteúdo financeiro, como as especilizadas em análises Empiricus e Suno, foram compradas por instituições financeiras e também passaram a oferecer produtos financeiros próprios.

Os primeiros produtos devem ser estruturadas pela asset que a Grão vinha preparando, mas o grupo não descarta ter uma corretora no futuro. Os planos podem ser potencializados com uma rodada série B já em negociação – o Grupo Primo está em conversas com investidores locais e estrangeiros, estratégicos e financeiros, que podem ser fechadas nas próximas semanas. Também tem investido tempo para buscar executivos C-level no mercado.

Com o tamanho que tem hoje, o Primo poderia criar uma fintech em casa ao invés de comprar uma. “Primeiro é muito difícil você encontrar pessoas com track record e reputação, caso da Monica e do time dela. Segundo, no aspecto tecnológico, não é fácil montar o que a Grão montou”, diz Nigro. “A gente demoraria mais para fazer dentro de casa, errando em coisas que dinheiro já foi gasto para aprender.”

Há um detalhe nesses planos: a XP Investimentos é acionista do Grupo Primo, que pode em breve se transformar de gerador de receitas a concorrente em determinadas áreas. Nigro não revela se a XP tem poder de veto em determinadas matérias, mas ressalta que é uma acionista minoritária, dando sinais de que, se o assunto já foi polêmico internamente, hoje parece mais pacificado.

“A XP entende que tudo que a gente decidir que for melhor para o negócio vai ter que acontecer, estamos bem resguardados nesse sentido. O que já foi mais delicado está se encaminhando para que não seja mais”, resume.

Fonte: Pipeline Valor

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