Maior oferta da década é o avanço mais relevante
até agora no programa de desinvestimentos do banco estatal
Na maior oferta no mercado brasileiro em uma década, o BNDES captou ontem
R$ 22 bilhões ao vender as ações ordinárias (com direito a voto) que detinha no
capital da Petrobras.
O preço ficou em R$ 30 por ação, conforme antecipou o Valor PRO – serviço
de informações em tempo real do Valor -, e representou desconto de 1,57% sobre
a cotação do papel no fechamento da bolsa ontem. L
BNDES leva até R$ 22 bi com oferta da Petrobras
A venda ocorre simultaneamente nos mercados brasileiro e americano, onde o BNDES detinha American Depositary Shares (ADS) – recibos de ações – da estatal. No total, o banco vendeu o correspondente a 9,87% das ações ordinárias da Petrobras.
Este é o passo mais relevante, até agora, no processo de desinvestimentos do banco de fomento, cujo objetivo é reduzir para próximo de zero sua carteira de participações acionárias. O BNDES ainda detém 18% das ações preferenciais (sem direito a voto) da estatal, avaliadas em R$ 30 bilhões.
Desde dezembro, o banco já se desfez de ações da Marfrig, Light e Petrobras. A próxima grande operação deve ser a venda de papéis do frigorífico JBS, para a qual a instituição já teria contratado os coordenadores da oferta. O BNDES detém hoje 21,3% do capital do JBS, o equivalente neste momento a R$ 16 bilhões.
Conforme fontes ouvidas pelo Valor, na operação negociada ontem houve demanda suficiente para alocar a oferta base de R$ 18,35 bilhões e também o lote adicional, de R$ 3,7 bilhões. Assim, se confirmado o exercício desse lote, o BNDES levantará R$ 22 bilhões, na maior oferta desde 2010, ano em que a Petrobras levantou R$ 120 bilhões. Houve demanda relevante de investidores estrangeiros.
Até o fechamento desta edição, às 22h30, a companhia e o banco ainda não haviam feito o comunicado oficial. Os investidores consideraram uma oportunidade comprar o papel com desconto, uma vez que a Petrobras tem aumentado ano a ano sua geração de caixa – fazendo com que a relação entre preço das ações e lucro da empresa se torne mais atrativo na cotação atual.