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O que fez a XP acelerar a compra do Modal

A XP surpreendeu hoje cedo com o anúncio ao mercado de compra do banco Modal, um negócio amarrado rapidamente em um mês. A pressa, apesar de ser justificada pelas empresas como forma de evitar vazamentos, teve um outro gatilho.

Em novembro, o Modal começou uma conversa com o TC, antigo TradersClub, para uma sociedade que poderia unir sua corretora com um universo de meio milhão de clientes de varejo da companhia de conteúdo e debate de investimentos. Entre outros players avaliando o ativo, o Modal era o principal cavalo na corrida coordenada pelo banco BR Partners.

O mandato na rua deu senso de urgência à XP que, na toada de M&A, vinha se concentrando em gestoras, escritórios de agentes autônomos e fintechs, mas estava justamente avaliando o potencial de outra casa de análise, de menor porte — a Suno, transação fechada no início da semana.

O Modal, por outro lado, que cresceu como banco de atacado, vinha dedicando seus esforços nos últimos anos a crescer na plataforma de varejo num mercado cada vez mais disputado, nadando, nadando e saindo lentamente do lugar dada a agressividade dos outros players. O acesso ao universo de clientes do TC poderia ajudar a dar um novo impulso ao negócio.

Mas, culturalmente, Modal e XP têm mais proximidade do que qualquer um dos dois e TC, avalia uma fonte. Além disso, o preço do alvo praticamente dobraria para a XP, considerando que o TC vale R$ 1,4 bilhão em bolsa. A transação entre os bancos deve tirar o Modal da mesa de negociação com o TC, algo que agora depende de seu novo controlador.

A XP vai absorver 100% do Modal, por meio de troca de ações. O Modal vale em bolsa R$ 1,96 bilhão — uma derrocada desde que estreou em bolsa há oito meses, valendo R$ 4,7 bilhões. A XP está avaliando o banco em R$ 3 bilhões.

A XP vale US$ 15,14 bilhões na Nasdaq e terá que se desfazer de apenas 19,5 milhões de ações classe A ou BDRs, dando aos acionistas do Modal cerca de 3,5% da empresa. Na proporcionalidade, os controladores atuais do Modal terão 1,95% da XP e o Credit Suisse, que detinha 15,8%, fica com 0,55% da XP.

Para o Credit Suisse, que viu o valor das ações que detém no Modal derreterem abaixo do preço das rodadas privadas pré-IPO, pode ser uma saída honrosa. A XP tem mais liquidez, se o acionista quiser se desfazer dos ativos, e perspectivas melhores como líder de mercado das plataformas de investimento. Não deixa de ser curioso, considerando que a XP chegou a sondar o CS há alguns meses para uma transação com o banco no Brasil.

Ainda que viesse disputando o varejo, o Modal ainda tem um negócio de atacado e mais experiência com carteira de crédito. “Vamos ganhar mais escala, mais munição, para ir para cima dos grandes bancos”, disse Thiago Maffra, CEO da XP, em teleconferência.

Segundo ele, Modal entra como mais uma marca no portfólio, ao lado de XP, Rico e outras. Juntas, XP e Modal ainda terão uma fatia pequena de market share, algo como 1,5% do revenue pool da receita do mercado financeiro, disse Maffra. “O que estamos fazendo é uma combinação de forças, não uma venda. Temos uma visão próxima de como atuar no mercado financeiro, de construção de ecossistema, num mercado enorme e ainda muito concentrado nos grandes bancos”, emendou Cristiano Ayres, CEO do Modal.

Para a XP, apesar de parecer barata em termos de número de ações e potencial de negócio, a transação não é exatamente uma pechincha. Segundo o Valor, o Modal adiciona R$ 30,4 bilhões sob custódia, 501 mil clientes e uma carteira de crédito de R$ 607 milhões. Significa que a XP está pagando quase R$ 6 mil por cliente ou 10% do volume de custódia.

O Nubank pagou US$ 425 milhões pela Easynvest, em 2020, quando a corretora tinha 1,5 milhão de clientes e R$ 20 bi sob custódia. Mesmo ao câmbio de hoje, significaria R$ 1,5 mil por cliente. Já como percentual de custódia, dá na mesma da transação atual — mas um percentual alto quando considerada a avaliação que XP ou mesmo o concorrente BTG fazem ao comprar escritórios de AAI.

As ações da XP sobem 5% na Nasdaq. O papel do Modal, naturalmente, disparou mais de 40% para se aproximar do prêmio que a XP vai pagar.

A transação depende de aprovações regulatórias. O BC já tem em mãos o pedido do Itaú para exercer a compra de opções de parte da XP. Agora, o regulador vai ter que considerar esse triângulo. A expectativa de XP e Modal é concluir a operação em até 15 meses.

Fonte: Pipeline Valor

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