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“Mais confusão do que alegria”, diz analista da Argentina sobre o agro com Milei

Vendas de soja estão paralisadas, pois produtores rurais aguardam a condução das taxas de exportação

A simplificação do câmbio na Argentina é uma tarefa complexa, especialmente no que diz respeito à exportação de produtos agrícolas. Nos últimos anos, o governo local enfrentou desafios devido à escassez de dólares para as reservas do Banco Central. Em setembro de 2022, foi introduzido o Programa de Incremento Exportador (PIE), que implementou o “dólar soja” no país. Esse sistema cambial, estabelecido para favorecer os exportadores, oferece uma taxa de câmbio mais vantajosa, proporcionando mais pesos por dólar em comparação com a cotação oficial.

Após cerca de um ano e cinco versões do PIE, o governo de Javier Milei apresentou sua própria abordagem. Agora, os exportadores podem liquidar 80% do total a receber pela taxa de câmbio oficial padrão (atualmente em 800 pesos por dólar) e 20% no dólar CCL, utilizado em transações financeiras. Com essa modificação, o “dólar soja” alcançaria aproximadamente 860 pesos por dólar.

Anteriormente, a proporção era de 50% para cada tipo de câmbio, mas essa taxa já passou por outras alterações. Até 17 de novembro, era de 70% no câmbio comum e 30% no financeiro. A desvalorização do câmbio padrão por Milei, de 400 para 800 pesos em 12 de dezembro, atenuou o impacto da medida.

A situação é complexa e gera confusão, não se limitando a leigos no assunto. Paulina Lescano, especialista em grãos argentinos, comenta que as expectativas do setor com a mudança de governo foram inicialmente positivas, mas a realidade está causando mais confusão do que alegria.

A incerteza geral envolve o potencial risco que as questões monetárias argentinas representam para a competitividade do setor agrícola, que já enfrentou desafios nos últimos anos devido a quebras de safra causadas por secas.

Paulina Lescano destaca que as medidas adotadas até agora não resultaram em mudanças significativas em dólares, embora tenha havido uma melhora de 13% a 15% em pesos por tonelada em comparação com a segunda semana de dezembro. No entanto, isso ainda está aquém das melhorias esperadas pelo setor agrícola.

Ela observa que a desvalorização do peso teve efeitos positivos ao reduzir a diferença cambial prejudicial à agricultura, mas também impactou a taxa de câmbio para importações, tornando-as mais caras.

As analistas da Bolsa de Comércio de Rosário, Natalia Marín e Emilce Terré, explicam que o novo sistema permitirá aos exportadores liquidar 80% das operações de comércio exterior através de um mercado de câmbio único e livre, reservando os 20% restantes para liquidação à vista.

Paulina Lescano menciona que o governo planeja implementar taxas de exportação, as chamadas retenciones, de 15% para todos os produtos e 31% para o farelo de soja e 33% para o óleo de soja. Essas propostas desagradam ao setor agrícola, que está preocupado com o impacto dessas mudanças em seus negócios.

Enquanto o governo de Javier Milei busca fortalecer a agroindústria para dobrar as exportações em cinco anos, há uma preocupação entre os produtores, que enfrentam incertezas quanto às políticas futuras. O agronegócio argentino está atento aos movimentos do governo, buscando entender como essas mudanças afetarão suas operações em meio a um ambiente de geopolítica instável.

Fonte: Exame

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