Em entrevista à EXAME, Renan Filho, do Ministério dos Transportes, quer aumentar a representatividade da malha ferroviária no país de 17% para 40% até 2035
O aumento da produtividade de grãos no Brasil está incentivando o governo federal a reconsiderar o planejamento e a implementação de novas ferrovias. Em uma entrevista à revista EXAME nesta segunda-feira, 10 de julho, o ministro dos Transportes, Renan Filho, destacou a necessidade de abordar a ampliação da malha ferroviária para aprimorar o escoamento de commodities.
Segundo ele, “agora temos uma carga significativa e crescente de grãos, o que nos motiva a buscar maior eficiência nas ferrovias”. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de grãos no Brasil está prevista para atingir um novo recorde de 315,8 milhões de toneladas na safra 2022/2023.
Diante desses recordes anuais, o ministério planeja aumentar a participação do transporte ferroviário em relação aos outros modais, dos atuais 17% para 40% até 2035.
Renan Filho também mencionou que está sendo estudada a viabilização da ferrovia conhecida como Fico-Fiol, cujo objetivo é integrar as regiões Leste e Oeste do país. Essa conexão permitiria ligar as regiões produtoras de grãos na Bahia, como Luís Eduardo Magalhães (LEM), ao Centro-Oeste. Na prática, essa rota atenderia o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) até o Mato Grosso.
Além disso, o ministro dos Transportes destacou a importância do Rio Madeira para o escoamento da soja na região Norte do país, abrangendo os estados do Amazonas e Rondônia. Por outro lado, o Rio Tocantins apresenta o desafio da derrocagem do Pedral do Lourenço, ou seja, a necessidade de remover as rochas no rio para viabilizar o tráfego de barcaças.
“Isso é complexo do ponto de vista ambiental. Estamos em diálogo com o Ibama, pois acreditamos que as hidrovias trazem grandes benefícios, inclusive reduzindo o número de caminhões nas rodovias”, afirmou Renan Filho. Com a conclusão dessa obra, ele acredita que o Rio Tocantins pode se tornar uma das vias mais importantes para fortalecer a integração dos modais no Arco Norte.
O ministro também mencionou que a expansão portuária do país está caminhando para que os portos do Arco Norte sejam mais responsáveis pela exportação de commodities, enquanto os portos de Santos e Paranaguá atuem com produtos de maior valor agregado.
Fonte: Exame
