Profissionais graduadas em química, engenharia ou biotecnologia apostam na pesquisa e desenvolvimento, seja no laboratório ou em campo
Em um marco histórico de 122 anos, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) nomeou sua primeira diretora, a engenheira agrônoma Thais Vieira. Essa nomeação representa uma significativa mudança na história da instituição, tornando-se uma pioneira ao liderar uma das principais universidades do país voltadas ao agronegócio. Com essa conquista, Thais Vieira se torna um símbolo inspirador para a presença feminina no setor.
No longínquo ano de 1991, quando ingressou no curso de engenharia agronômica da Esalq, Thais nem imaginava que alcançaria o posto de destaque que ocupa hoje. Recentemente, durante uma cerimônia em Ribeirão Preto, São Paulo, ela foi reconhecida como uma das 100 pessoas mais influentes no setor. Além disso, na semana passada, Vieira participou de uma solenidade ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a retomada do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT).
Essa trajetória exemplifica a resiliência e determinação das mulheres na área da ciência, servindo como um incentivo valioso para que outras profissionais, como químicas, biólogas e engenheiras, descubram no agronegócio uma oportunidade para desenvolverem suas carreiras científicas.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, 31% das propriedades rurais no país eram comandadas por mulheres. No entanto, no ano passado, elas ocupavam apenas 19% dos cargos de direção em empresas do agronegócio brasileiro. Globalmente, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), as mulheres representam 43% da força de trabalho rural no mundo.
Buscando promover a equidade de gênero na área de ciência e pesquisa, Gabriela Gandellini é um exemplo inspirador. Mestre em Bioquímica e gerente de assuntos científicos regulatórios da Bayer, ela foi a primeira cientista em sua família e tem uma sólida formação acadêmica. Embora considere que houve evolução na igualdade de gênero na área, Gabriela destaca que ainda há muito a ser feito. Iniciativas no meio corporativo, como programas específicos para mulheres nas áreas de ciência e tecnologia, são fundamentais para que elas se sintam mais acolhidas em setores ainda dominados por homens, possibilitando maior representatividade e reconhecimento.
Com o intuito de estimular a participação feminina no agronegócio, tanto na ciência quanto no campo, a 6ª edição do Prêmio Mulheres do Agro está em andamento, buscando histórias que demonstrem o protagonismo feminino nesse setor. Realizado em parceria com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), o prêmio é uma iniciativa da Bayer e reconhece produtoras rurais que se destacam pela gestão sustentável, com foco nos pilares ESG. Desde 2018, o prêmio já contemplou 45 mulheres que lideram propriedades de diferentes tamanhos, do pequeno ao grande porte. Para a edição de 2023, o projeto conta com o apoio de cinco entidades parceiras: Embrapa, Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas (Andav), Faculdade de Tecnologia (Fatec) Pompeia, Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq) e Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia.
O prêmio está com as inscrições abertas. Para se inscrever ou indicar uma candidata, é necessário preencher duas etapas de informações, sobre a propriedade e sobre a própria jornada de vida. Para verificar o regulamento e começar a inscrição, acesse o site premiomulheresdogro.com.br. A premiação acontece durante Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, realizado em São Paulo, nos dias 25 e 26 de outubro.
Fonte: Exame
