Mais da metade do descarte ocorre durante a produção, colheita e transporte, aponta o Movimento “Pacto contra a Fome”. No Brasil, 21 milhões de pessoas vivem em insegurança alimentar grave.
Em um país onde 21 milhões de pessoas vivem em situação de grave insegurança alimentar, é imprescindível iniciar o combate ao desperdício de alimentos desde a fase inicial da produção, no campo.
De acordo com o movimento da sociedade civil “Pacto contra a Fome”, mais da metade do desperdício ocorre nas etapas iniciais da cadeia alimentar, abrangendo a produção, colheita e transporte.
As frutas e hortaliças lideram o ranking de alimentos mais desperdiçados, seguidos por tubérculos e laticínios.
Entretanto, já existem boas práticas nessas etapas de produção que podem evitar o desperdício de alimentos em sua fase mais precoce.
Um exemplo inspirador é o projeto #FaçaumBemINCRÍVEL, criado pela agricultora Simone Silloti em Mogi das Cruzes (SP), em resposta às necessidades trazidas pela pandemia do coronavírus em 2020.
Ao perceber que os agricultores locais não tinham para quem vender seus excedentes de hortaliças, Simone convenceu todos a doarem esses alimentos, uma iniciativa agora subsidiada por empresas privadas que aderiram ao projeto.
Desde então, o projeto já distribuiu mais de 380 toneladas de alimentos e auxiliou cerca de 300 mil famílias em 17 municípios de São Paulo.
Outro exemplo notável é o casal Clevane e Joe Valle, em Paranoá (DF), que adotou uma série de cuidados simples, mas eficazes, durante a colheita e pós-colheita.
Eles reduziram o manuseio das alfaces por diversos funcionários e passaram a embalar as folhagens no próprio campo para evitar danos no transporte. Além disso, evitam expor as hortaliças ao sol.
Para as hortaliças que não atendem aos padrões de mercado, o casal apostou no beneficiamento desses alimentos para possibilitar a sua venda.
Graças a essas medidas, a fazenda conseguiu reduzir pela metade o desperdício de alimentos.
No transporte dos alimentos, o programa da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) busca padronizar as caixas de frutas, verduras e legumes, diminuindo assim o desperdício.
Além disso, os produtos que perdem valor comercial dentro da Ceagesp são direcionados para o banco de alimentos, sendo doados em prol de causas sociais.
Essas iniciativas mostram que, ao unir esforços e adotar práticas conscientes desde o início da cadeia alimentar, é possível combater o desperdício de alimentos e contribuir para uma sociedade mais justa e sustentável.
Fonte: Globo Rural
