Análise de Cepea e CNA projeta que o setor responderá por 24,4% do PIB nacional, puxado por safra recorde e crescimento da pecuária
Depois de experimentar um declínio em 2022, o Produto Interno Bruto (PIB) do setor de agronegócio do Brasil está em processo de recuperação e está previsto para atingir a marca de R$ 2,63 trilhões neste ano. Essa estimativa foi elaborada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP) em colaboração com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). De acordo com essa projeção, o agronegócio deverá contribuir com 24,4% do PIB total do Brasil em 2023, levando em consideração o desempenho da economia brasileira até o momento.
Essa previsão é baseada em dois indicadores principais. No caso do PIB-volume, que se baseia em preços constantes, o valor previsto para este ano é o mais alto já registrado desde o início da série histórica em 1996. Quando se trata do PIB-renda, que reflete a renda real do setor, o desempenho só fica abaixo do registrado em 2021, que foi de R$ 2,7 trilhões.
No segundo trimestre deste ano, o PIB do agronegócio cresceu 0,27%, elevando o acumulado anual para 0,50%. Isso se deve em grande parte à safra recorde no campo e ao aumento na produção pecuária. No entanto, os pesquisadores observam que os números não foram ainda melhores devido a uma significativa queda nos preços de produtos importantes, como algodão, café, milho, soja, trigo, cana-de-açúcar, boi gordo e frango vivo.
Os resultados por setor mostram que no primeiro semestre do ano, o setor agrícola apresenta um crescimento de 0,84% no PIB, com destaque para o aumento de 4,76% no setor primário, 1,3% nos agrosserviços e 0,7% na agroindústria. No entanto, os insumos tiveram uma queda de 14,52%.
No que diz respeito ao setor pecuário, houve uma redução de 0,4% no acumulado do ano, com variações negativas nos insumos (-3,11%), setor primário (-1,19%) e agroindústria (-0,23%). A exceção é o segmento de agrosserviços, que registrou um desempenho positivo de 0,63% no semestre.
Quando analisamos apenas o segundo semestre, observa-se que no setor agrícola, a desvalorização dos preços de fertilizantes e defensivos continuou, embora isso tenha impulsionado a agroindústria entre abril e junho. Na pecuária, houve uma queda acentuada nos preços das rações no trimestre, mas os agrosserviços relacionados ao setor tiveram um crescimento devido ao aumento na produção de animais vivos e seus derivados na agroindústria.
Fonte: Exame