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Por que o governo quer comprar leite em pó do produtor rural?

Alto custo de produção e baixo valor pago ao produtor desequilibram as contas da pecuária de leite. Para mudar o cenário, o Mapa anunciou a compra

Desde a implementação da redução das tarifas de importação de leite e outros produtos lácteos durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, as importações do produto aumentaram, levando à desvalorização da indústria leiteira nacional. Isso ocorreu em dois momentos: em 2019, quando as taxas para produtos da União Europeia e Nova Zelândia foram eliminadas, e no ano passado, quando as tarifas para produtos lácteos do Mercosul foram reduzidas, especialmente para o leite em pó.

Paralelamente, no Brasil, apesar da redução das cotações de grãos como o milho utilizado na alimentação animal, os custos e insumos mantêm-se historicamente altos, colocando pressão nas margens de lucro da pecuária leiteira.

Diante desse cenário, produtores e a indústria se uniram para solicitar apoio do governo federal, o que começou a dar resultados. Recentemente, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, anunciou que o governo irá adquirir leite em pó a preços de varejo como medida de emergência para auxiliar os produtores brasileiros que enfrentam concorrência dos países do Mercosul.

Em cooperação com o Ministério de Desenvolvimento Agrário e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Ministério da Agricultura e Pecuária destinou 200 milhões de reais para apoiar a comercialização de leite em pó. Essa medida visa sustentar os preços do leite para garantir a rentabilidade das cooperativas e produtores, além de distribuir o produto em programas sociais e merendas escolares.

Impacto das Importações e Mudanças Tarifárias

Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a quantidade total de leite que deixou de ser produzida internamente equivale a 1,2 bilhão de litros, um aumento de 268% em relação a 2022, representando o maior volume histórico para esse período. Isso se traduz em cerca de 443 milhões de dólares em importações, contribuindo para a queda dos preços no mercado.

De janeiro a julho deste ano, dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/MDIC) revelam que o Brasil importou cerca de 161 milhões de toneladas de produtos lácteos, excluindo manteiga e queijo. Apenas no primeiro semestre, as importações de lácteos aumentaram em 158% em relação ao mesmo período do ano anterior. A maioria dessas importações provém da Argentina e Uruguai, que juntos exportaram 850 milhões de litros de leite para o Brasil.

No mercado interno, o consumo de produtos lácteos continua enfraquecido devido ao poder de compra reduzido da população, resultando em desafios tanto para os produtores quanto para os valores no mercado.

Desafios e Perspectivas

A indústria leiteira nacional está enfrentando desafios consideráveis devido às importações maciças de leite do Mercosul. Isso levou muitos produtores e empresas a reconsiderarem sua participação no setor. Além disso, o poder de compra limitado dos brasileiros tem contribuído para a saída de produtores e para o fechamento de empresas menores, enquanto outras buscam parcerias estratégicas com investidores estrangeiros.

A Associação Brasileira das Pequenas e Médias Cooperativas e Empresas de Laticínios (G100) está pressionando o governo e o Congresso Nacional por políticas tributárias que não sobrecarreguem a cadeia de produção de leite. Eles acreditam que investimentos equivalentes aos países exportadores para o Brasil, com taxas de juros semelhantes, são essenciais para a sustentabilidade do setor.

Analistas também alertam que a desvalorização da produção nacional pode resultar em dependência excessiva de produtos importados, prejudicando a economia rural e o emprego nas áreas de produção. A contínua atividade familiar no setor também é uma preocupação, visto que a concorrência desigual pode dificultar a manutenção das operações leiteiras das famílias brasileiras.

Fonte: Exame

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